quinta-feira, 30 de setembro de 2010

“Liberdade ainda que tardia” – Viva Sem Drogas


 
   Ao longo da história da humanidade, desde o surgimento dos principais problemas sociais, relacionados ao trabalho, ao Estado, à desigualdade social e mais recentemente com um expressivo aumento, os de caráter psicológico, um dos meios pelos qual a sociedade se “alivia” dessas tensões sociais é pelo consumo desregrado de bebidas alcoólicas e uso de drogas ilícitas. Essa medida faz com que se fortaleçam e inraizem ideologias ordinárias na sociedade que encurralam os cidadãos. Desse modo, aqueles que não conseguem superar esses ataques ao bem estar social, entregam-se às drogas e bebidas perdendo a única coisa que de fato lhes pertencem: o livre arbítrio. 


   Com grandes transformações, têm-se muitos transtornos sociais, prova disso foi a Era do Gim na Revolução Industrial, quando as mudanças da vida rural para a urbana foram tão repentinas e agressivas, que a sociedade enxergou como forma de se aliviar das tensões do industrialismo, o mergulho em um torpor alcoólico. Isto, pois, era exatamente o que a burguesia queria.  Enquanto o proletariado gastava o pouco que ganhava com bebidas, mal descansavam e logo voltavam para o trabalho, ao apito da fabrica. E assim a burguesia crescia com o auxílio da mais-valia, ainda mais potencializada pela imobilidade 
social devido à queda do proletariado diante dessa corrente 
devastadora do potencial humano: o alcoolismo. 


Hoje, mesmo com o progresso tecnológico, essa situação não mudou muito e a sociedade ainda usa o álcool e as drogas como uma válvula de escape para seus problemas. De fato, as condições trabalhistas melhoraram se comparadas a como eram na revolução industrial; contudo,a maioria dos trabalhadores não ganha o equivalente a sua força de trabalho. Desse modo, o Estado capitalista, usando da mídia, dita ideologias de consumo e de vivencia que o cidadão, alienado por essas,perde a única coisa que deveria lhe pertencer: sua liberdade de escolha. Assim, uma parte da sociedade mais vulnerável às trapaças do 
Estado, não conseguindo driblar a ideologia do sistema, usa essas substâncias como forma de combate a um conflito interior e exterior.Com isso, perde sua liberdade pela segunda vez, enquanto uma minoria de abastados cresce economicamente e visa manter essa massa de dependentes químicos sem sua intrínseca liberdade para que, estes,entorpecidos, não pensem na lógica do sistema e não se voltem contra eles.

   Por outro lado, há leis para o controle do consumo de bebidas 
alcoólicas (lei seca) e pra as drogas, a medida frustrada para acabar com o tráfico, por decorrência do que se diz problema de “saúde pública”, ou ainda, para o conforto de uma outra parcela abastada da população que se incomoda em ver os drogado e alcoólatras “desembelezando” a paisagem urbana. Não é verdade, porém, dizer que problemas como o alcoolismo e o vício nas drogas sejam restritos a classe menos favorecida. Pelo contrário, são males que afetam todas as camadas sociais. A diferença é que para os ricos que fazem parte dessa esfera, a situação é mascarada. Enquanto para os pobres, usar drogas e 
tomar bebidas alcoólicas é “ser drogado e alcoólatra”, para os ricos,é fazer um tratamento alternativo e aliviar o “stress".

   Independente da droga ser lícita, como cigarro e cerveja, ou 
ilícita, como a maconha e a cocaína, todas fazem mal, a curto ou longo 
prazo, seja a quem for. E desse mal não se diz de um mal à saúde 
 somente, mas também de um mau moral, tanto frente aos outros, 
como frente a si mesmo. Em relação aos outros, no que diz 
respeito à perda da confiança familiar, a perda das verdadeiras 
amizades, a adesão de novos “amigos” os quais conduzirão a 
pessoa a caminhos tortuosos. Quanto a si mesmo, um sentimento de
 impotência, de não enxergar possibilidades de uma vida sem 
drogas, uma vez que a pessoa se encontra presa a elas.

   Assim, as más amizades inserem o individuo ao vício e quando isso acontece é porque este se fechou em seu “próprio mundo”, esquecendo-se das pessoas que o estimam, que o apóiam e querem sua felicidade. Dessa forma causa a elas desgosto e profunda agonia. Já que é deveras complicado ajudar um dependente químico e na maioria das vezes, essa situação causa prejuízos emocionais e financeiros, pelo fato de usarem de “recursos materiais” próprios e familiares para a compra das substâncias. Assim os usuários se privam de viver uma vida plena e completa, pois deixam de aproveitar o que de melhor a vida tem a lhes oferecer. As drogas podem até passar uma sensação de alegria, euforia ou tranqüilidade, de liberdade, no entanto, essas sensações são falsas, pois as drogas fazem justamente o contrário. A pessoa que usa das drogas para alcançar tais “recompensas”, perde o privilégio de desfrutá-las plenamente, no momento em que opta por continuar a usar drogas. Momentaneamente, essas pessoas podem até sentir uma sensação “boa”, de invencibilidade, contudo, fica restrita a esses poucos momentos, porque, mais cedo ou mais tarde, o efeito da droga acaba. Então, esta não mais é “livre”, como naquele último instante em que decidiu aderir às drogas, pois, agora, necessita destas para recuperar essas “boas sensações”, sendo que sem o uso delas, o próprio indivíduo construiria sua liberdade, principalmente a liberdade de escolha, que com as drogas o indivíduo não tem, pois tão logo se tornará escravo destas.
   É essa liberdade que as pessoas que pensam em usar drogas, seja de qualquer gênero, devem valorizar e as que usam, devem tentar recuperá-la. A liberdade é o bem mais precioso que o ser humano possui, pois é ter domínio sobre si mesmo, é procurar somente na própria consciência as sanções para seus atos, determina-los segundo sua própria vontade, tendo consciência das consequências que estes implicarão. Nessa perspectiva, as drogas são uns dos mais cruéis carrascos desse inerente direito humano. Por mais que as pessoas se justifiquem pelo lugar comum “eu experimento, mas quando quiser eu paro”, é de conhecimento geral o poder que as drogas e bebidas exercem sobre as pessoas, uma vez que ao começar a usá-la, é muito difícil parar. Então, sem nem perceber como chegara aquele estado, a pessoa já entregou sua liberdade às drogas e bebidas; o que poderia ser sua vida, fruto de suas escolhas é uma vida em função das drogas. Elas se tornaram o sujeito da existência que deveria pertencer ao indivíduo.
   A vida é um mecanismo de escolhas e cada escolha é também uma exclusão, por isso, escolher as drogas é excluir a família, os verdadeiros amigos, a liberdade, a vida. Os preços que as drogas e bebidas determinam são muito altos, e, no entanto, o bem estar que estas proporcionam só funcionam por alguns instantes, enquanto esse mesmo bem estar pode ser proporcionado pelas ações selecionadas pela consciência do indivíduo. Entretanto, pela liberdade ser uma característica própria de todo ser, esta pode estar somente adormecida dentro do usuário de drogas, mas nunca morta. Depende da iniciativa da pessoa, portanto, de procurar auxílio médico e, do apoio moral que esta terá para recuperar suas forças e exercer seu direito a liberdade, renegando a verdadeira alienação que as drogas impõem. Perder a liberdade é deixar-se levar pelo impulso de alguém, deixar-se alienar pelo Estado, mídia e suas ideologias medíocres e se render às drogas. Sempre existe esperança para livrar-se das drogas; a liberdade perante às drogas pode ser tardia, mas nunca inalcançável.
 

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